Mesa e Camiseiro da vovó

Um restauro traz outro, seja lá o tempo que isto demore…

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A familia entendeu que reformar a casa toda incluia recuperar as duas peças, uma mesa e um camiseiro (ao fundo) com muito carinho pela transmissão de duas gerações.

A mesa em caviúna com pés palitos muito elegantes, pode dobrar de tamanho e é toda desmontável, não tem ferragens especiais, apenas parafusos e boa marcenaria. Viveu cerca de 80 anos e pediu apenas a troca da folhas do tampo, além da aplicação de seladora nitrocelulose com aspecto semi brilho.

20171201_143515Destaque para a borda chanfrada em 45 graus, que dificultou muito a aplicação da nova folha de inbuia que substiuiu a antiga de caviuna. A borda acomoda com conforto o braço das pessoas, algo perdido nos móveis atuais.

O camiseiro, com cem anos, mais sofrido, foi “arrumado várias vezes”  e exigiu uma interneção maior, veja abaixo os tipos de desgastes e problemas enfrentados:

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Riscos, descolamentos, quebra de baguetes, escurecimentos, goma laca escurecida e quebradiça, pregos na face da face principal, etc
Veja a sequencia de fotos…

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Pés quebrados e rachaduras nas espigas são os problemas que sempre encontramos nos móveis antigos.

20171117_111740Vista do camiseiro já totalmente decapado da goma laca. 


20171117_121156Tanto a mesa como o camiseiro continham os selos fiscais de 1000 reis, e da fabrica de móveis Schuz do Largo Arouche, uma pitada de respeito!


IMG-20171205-WA0003Destaque para a machetaria que se revelou colorida, parte em losangos, com detalhe ao centro bem rebuscado, metais em latão e detalhes de folhas esculpidas no entorno do tampo.

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Saber que móveis como este ainda tem lugar, nas vidas privadas, e que estarão marcando a terceira geração desta familia, nos mostra as brechas e a satsifação de resisitir na marcenaria. ;-))

Banco Pino

O arquiteto Felipe Marchese apareceu por aqui belo dia com duas paixões minhas, peroba e trabalhos para torno.

Trouxe um protótipo criado por ele e desenvolvido na FAAP: o banco pino.
Com o desejo de todo designer, criar um banquinho original,desta vez cheio de graça.
Ao puxar o tampo para cima, o banco serve de mesinha de apoio.
Sem pregos, parafusos ou roscas…. só peroba rosa e suor!

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Vamos ao trabalho…garimpar a peroba de telhados, selecionar as texturas, remover pregos, escovar e cortar na serra de fita.

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Depois desempenar para garantir duas faces planas e com 90º entre si.

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Para definir a espessura e deixar a outra face paralela, passei no desengrosso…
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Como a coluna tem um furo de 40mm por 320mm e não existem fresas para tanto, encomendei uma em Curitiba, uma delícia de ferramenta.

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Com duas faces já tupiadas com 40mm por 320mm, bastou uni-las para ter uma coluna oca.

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várias colunas…

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A base do assento foi feita no torno como o próprio assento, a coluna e claro, os pinos..
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Como os pés possuem vários angulos diferentes e a área de colagem na coluna é curva, foi preciso desenvolver um jig especial para o lixamento e uma ginástica e tanto para colar e alinhar tudo.
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O acabamento foi feito com Stain Sayerlack Clear, aplicação de cera e polimento leve.
Este trabalho me obrigou a importar uma placa moderníssima para meu velho torno Imor de 1937!
Ficou um frankenstein maravilhoso!

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Foi um desafio muito, muito trabalhoso, um prazer poder realizar esta peça, cheia de curvas e ângulos, fui obrigado a aprender um monte!
Como diz o Felipe, “tamo junto!”